sábado, 9 de junho de 2012

JOSÉ



AULA 7 – JOSÉ

            José era um pastor de ovelhas, um idealista prático, o qual no inicio da sua vida teve sonhos que o animaram e guiaram por toda a sua vida. Ele manifestou talvez o caráter mais cristão de todas as pessoas no antigo testamento. A história dele nos revela como os descendentes de Jacó vieram a ser uma nação dentro do Egito. Esta seção de Gênesis não somente nos prepara para a narrativa do êxodo do Egito, como também revela a fidelidade que José sempre teve com Deus, e as muitas maneiras como o Senhor o protegeu e dirigiu a sua vida para o bem de outras pessoas. Ressalta a verdade de que os justos podem sofrer num mundo mau e iníquo, mas que, por fim, triunfará o propósito de Deus reservado para eles.
            Deus havia revelado a Abraão que sua descendência passaria quatro séculos em terra alheia. A paciência de Deus esperaria até que a maldade do amorreu chegasse ao ponto máximo até destruí-lo e entregar Canaã aos hebreus. É evidente também a necessidade de que Israel fosse para o Egito. A aliança matrimonial de Judá com uma Cananeia e sua conduta vergonhosa descrita em Gn 38 indicam-nos o perigo que havia em Canaã de que os hebreus se corrompessem por completo e perdessem seu caráter essencial. No Egito os hebreus não seriam tentados a casar-se com mulheres egípcias nem a se misturar com os egípcios, pois estes desprezavam os povos pastores. Além do mais, tão logo reconhecessem os planos dos israelitas de estabelecer-se permanentemente em Canaã, os cananeus os teriam exterminado. Tal coisa não aconteceria em Gósen. Ali, sob a proteção do poderoso Egito, os hebreus poderiam multiplicar-se e desenvolver-se até chegar a ser uma nação numerosa.
            José era muito amado por seu pai, Israel, por dois motivos: era um filho que nasceu já na velhice do seu pai, e também por ser filho de Raquel, a esposa que mais amava. Em Gn 37.3 diz que Israel fez uma túnica diferente para José do que a de todos os seus irmãos, o que revelava uma posição especial e honra diante do seu genitor. Como sempre, esse favoritismo entre filhos sempre gerou e gerará crises familiares, que em alguns casos podem trazer danos irreversíveis a vida dos envolvidos.
            Em Gn 37.5,6 a Bíblia nos diz o seguinte: “Sonhou também José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso, o aborreciam ainda mais. E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho, que tenho sonhado”. José revelou precipitação e imaturidade ao revelar o seu sonho aos seus irmãos. O propósito do sonho era propiciar-lhe revelação e fé para seu espinhoso futuro, e não para ser-lhe motivo de exaltação sobre seus irmãos. Em geral, não convém contar tais revelações até que se veja de que forma o Senhor as executará ou até que Ele mostre que devem ser contadas. Deus escolheu José para a missão de proteger a família de Israel no Egito, por serem seus padrões morais e sua dedicação a Deus e às suas leis claramente superiores aos dos seus irmãos.
            Continuando, agora em Gn 37.28, vemos o momento em que os irmãos de José o vendem por vinte moedas de prata aos ismaelitas, que o levaram para o Egito, onde foi novamente vendido para Potifar (José foi colocado num local onde seriam oferecidas a ele as melhores oportunidades de conhecer os costumes dos egípcios, de ser iniciado na arte de governar, e, sobretudo, de ser introduzido na presença de faraó). Embora José fosse tratado com crueldade pelos seus irmãos e tratado como escravo, Deus o livrou da morte naquele momento, e usou tais atitudes erradas dos homens para realizar o Seu propósito na vida do seu filho. No final deste capítulo, os demais filhos de Israel enviam para casa a túnica colorida de José com manchas de sangue de um cabrito, dizendo a seu pai que José tinha falecido, devorado por um animal.
            Após começar o seu trabalho da casa de Potifar, José começou a se destacar, e era assim devido ao fato de ser um homem comprometido com o trabalho e, acima de tudo, com Deus. A Bíblia diz que, por amor a José, o Senhor prosperava Potifar, até porque este era também bom para José. Potifar colocou todos os seus bens nas mãos de José, e a única coisa que lhe foi vedada foi justamente contrair relações com a sua esposa.
            Contudo, como o diabo veio para matar, roubar e destruir, resolveu colocar uma tentação no caminho do jovem varão. Vamos ler Gn 37.7,9: “E aconteceu, depois destas coisas, que a mulher de seu senhor pôs os olhos em José e disse: Deita-te comigo. Porém, ele recusou e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe o que há em casa comigo e entregou em minha mão tudo o que tem. Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus”.
            A Bíblia diz que José era bonito, então a esposa de Potifar começou a assediar o jovem, que prontamente negou a investida, dizendo que não faria isso com o marido dela e, principalmente com Deus. José era um rapaz de caráter, dedicado e incorruptível, características que deveriam ser marcantes em todo crente, mas infelizmente hoje o cristão está mais carnal do que espiritual. As negativas de José para a mulher de Potifar eram constantes, até que chegou um dia que a mesma deu a sua cartada final: retirou todos os empregados da casa, ficando somente ela, até o momento em que chegou José. A mulher o agarrou e não restou outra alternativa a não ser fugir; porém, na pressa, não conseguiu pegar a sua veste que ela tinha tirado, e, com isso, a mulher mandou chamar os empregados e fingiu que José a tinha atacado, sendo que falou o mesmo para o seu marido, que, irado, mandou prender José junto com os presos do rei. É importante falar que, mesmo injuriado e difamado, José não reagiu acusando a mulher, nem se defendeu. Parece que o próprio Potifar duvidou da acusação e se irou porque havia perdido um escravo tão bom. Em vez de matá-lo, Potifar aplicou a pena mais leve possível para o caso.
            José triunfou sobre a tentação, porque de antemão já estava firmemente decidido a permanecer obediente ao seu Deus e não pecar. O crente do novo concerto vence a tentação da mesma maneira, ele precisa tomar uma decisão firme e resoluta de não pecar contra o Senhor. Havendo esse propósito, não poderá haver lugar para desculpas, exceções ou concessões. Agora, é bom falar que a vida de vitória sobre a tentação e a fidelidade a Deus nem sempre resultam em recompensa imediata. José sofreu por causa da sua retidão. Cristo declara que seus seguidores são também perseguidos por causa da justiça, e nos afirma que tais pessoas são bem aventuradas e que receberão um grande galardão no céu.
            Por que o Senhor permitiu a prisão de José? Ali ele aprenderia muito dos altos personagens que compartilhavam a prisão com ele, além de toda a privação que estava sofrendo na juventude contribuiu para formar um caráter firme, paciente e maduro, para que prestasse grandes serviços a Deus e aos homens quando chegasse o momento oportuno.
            Mesmo na prisão, a Bíblia diz que o Senhor estava com José; ele honrava a Deus e o Senhor o honrava, é simples assim, Deus possui compromisso com que tem compromisso com ele. Aconteceu na prisão o mesmo que ocorria na casa de Potifar, e o carcereiro colocou todos os presos sob o comando de José, e tudo andava bem na prisão.
            Após algum tempo, dois homens foram parar na cadeia, o copeiro e o padeiro do Faraó. Estes homens passaram um tempo no cárcere, quando certo dia ambos tiveram sonhos angustiantes; ao perceber suas feições, José perguntou o que estava acontecendo, e os dois lhe contaram os seus sonhos e José os interpretou, só pedindo que o copeiro, que voltou para a presença de faraó, falasse de José para ele, o que não aconteceu de imediato.
            O capítulo 41 de Gênesis retrata o sonho de faraó, e mostra Deus operando na vida de faraó e de José, a fim de controlar o destino das nações e prover um lugar para o seu povo escolhido. Todas as nações estão sujeitas às intervenções de Deus e ao seu controle direto. E tanto é assim que, ao confessar publicamente que Deus daria a interpretação do sonho, José mostrou toda sua fé no Senhor, pois os faraós costumavam se proclamarem como deuses, e o monarca poderia ter mandado matar José na hora.
            José interpretou os dois sonhos de faraó como se fossem um só, pois falavam do mesmo tema: a fome que viria assolar o Egito. Aconselhou o monarca para colocar alguém como responsável para organizar a terra durante os sete anos de bonança, e o faraó colocou o próprio José em tal função, ficando subordinado apenas ao faraó, pois sobre todos os demais funcionários e povo em geral José exercia autoridade. Faraó também deu uma mulher para José se casar nessa mesma época e teve dois filhos: Manassés e Efraim; ele tinha apenas trinta anos quando assumiu o comando do Egito, o que por uma simples conta matemática podemos perceber que ele passou treze anos como escravo.
            Durante os sete anos de fartura, José, como ótimo administrador que era, conseguiu juntar comida suficiente para alimentar o povo egípcio, além de vender para outros povos. A fome assolava toda a Terra, inclusive onde morava Israel e seus filhos, irmãos de José. Israel mandou que dez dos seus onze filhos, só Benjamim não foi, descessem até o Egito para comprarem mantimentos. A Bíblia diz que os seus irmãos ficaram face a face com José ao chegarem no Egito, porém, não o reconheceram, ao contrário de José, que imediatamente os reconheceu. Porém, ao invés de dizer quem era, José resolveu “brincar” um pouco com eles, talvez ganhando tempo para pensar em como falar com eles, ou mesmo como uma espécie de “forra” por todo o sofrimento que eles lhe fizeram passar. Pode ser também que ele tenha escondido para que os irmãos demonstrassem pesar pelo que tinham feito a ele e a seu pai.
            Em Gn 42.21 há esta passagem: “Então, disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia de sua alma, quando nos rogava; nós, porém, não ouvimos; por isso, vem sobre nós esta angústia”. Os irmãos de José reconheciam agora sua culpa pelo tratamento impiedoso com ele, vinte anos antes. Concluíram que Deus estava lhes aplicando o justo castigo pelo seu crime. Muitas vezes, quando temos pecado oculto em nossa vida, Deus age para despertar nossa consciência e vermos a nossa culpa. Nesses casos podemos endurecer os nossos corações ou humilhar-nos diante de Deus, confessar o pecado e resolver andar em retidão.
            Os irmãos então voltaram para Canaã e disseram para Israel a respeito da exigência feita por José, de levar Benjamim com eles. Israel não queria de jeito nenhum permitir a descida de Benjamim até o Egito, mas Judá e Ruben se comprometeram de que o trariam de volta, e assim conseguiram a permissão de Israel. Eles foram, comeram com José, mas este ainda não tinha se identificado para eles; então, armou mais uma para seus irmãos e colocou um copo de prata na bolsa de Benjamim. O fato dos irmãos terem voltado para o Egito com Benjamim ao invés de o abandonarem mostrou que eles realmente tinham mudado, estavam mais temente ao Senhor e zelavam por sua família. Judá se ofereceu para ficar no lugar de Benjamim, cumprindo a promessa que tinha feito a seu pai, de que o levaria em paz para casa.
            Após esse fato, José não se aguentou e revelou sua identidade aos seus irmãos. Deus operou através de José para a preservação do povo do concerto, e foi isso que ele disse em Gn 45.7. Embora Cristo viesse da linhagem de Judá, Deus usou José para preservar a linhagem da qual viria Cristo, portanto, José foi um antecessor espiritual de Cristo, algo muito mais importante do que ser um ancestral físico. Ele mandou seus irmãos irem até seu pai e contar a notícia, como também mandou que viessem morar perto dele, pois a fome era grande e ali toda a família estaria protegida da fome e da idolatria também, pois habitariam numa cidade que não era o centro do Egito, chamada Gósen.
            Israel, depois de vinte anos, descobriu que seu filho estava filho. O reencontro dos dois foi emocionante, pois a Bíblia diz que ficaram abraçados chorando por um longo tempo. O faraó fez questão de conhecer os irmãos e o pai de José, e com relação a Israel acabou até mesmo abençoando o monarca, o que nos leva a perceber como servir a Deus é gratificante e honroso, com até mesmo pessoas ímpias reconhecendo a grandeza do nosso Deus.
            Após alguns anos, Israel veio a falecer, não sem antes abençoar José e seus filhos. Ele chorou, cumpriu o seu período de luto e a promessa que fez a seu pai, de enterrá-lo em Canaã. José viveu ao todo 110 anos, e antes de falecer também pediu que seus restos mortais fossem transportados para a terra prometida. Quatrocentos anos depois, quando os israelitas deixaram o Egito, levaram os ossos de José. Da mesma forma, todos os salvos sabem que seu futuro está reservado, não neste mundo presente, mas em outra pátria, a celestial, onde habitarão para sempre com Deus e desfrutarão eternamente da sua presença e bênçãos.
            Por fim, algumas lições que aprendemos com José: 1ª) Pureza pessoal – Se não fosse a vida religiosa de José e sua convicção quanto à importância da pureza, teria sido arrastado por paixões carnais e teria cedido à tentação. Mas resolvera levar uma vida pura e se conservou imaculado; 2ª) Prosperidade – A prosperidade nos negócios é possível para o servo fiel de Deus. Deus fez José prosperar e serve como exemplo para nós; 3ª) Cuidado – a importância de cuidar dos nossos pais; 4ª) A importância da cruz – por meio da cruz, nós vamos obter a coroa! José sofreu como escravo e prisioneiro, mas teve paciência. Seus sofrimentos foram meios que o levaram a alcançar a coroa de autoridade no Egito; 5ª) Providência Divina – toda a vida de José é um exemplo da providência divina. Deus guiou todos os passos de José.
           

 Fontes: Bíblia de Estudo Pentecostal e Pentateuco.


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