AULA
7 – JOSÉ
José era um pastor de ovelhas, um idealista prático, o
qual no inicio da sua vida teve sonhos que o animaram e guiaram por toda a sua
vida. Ele manifestou talvez o caráter mais cristão de todas as pessoas no
antigo testamento. A história dele nos revela como os descendentes de Jacó
vieram a ser uma nação dentro do Egito. Esta seção de Gênesis não somente nos
prepara para a narrativa do êxodo do Egito, como também revela a fidelidade que
José sempre teve com Deus, e as muitas maneiras como o Senhor o protegeu e
dirigiu a sua vida para o bem de outras pessoas. Ressalta a verdade de que os
justos podem sofrer num mundo mau e iníquo, mas que, por fim, triunfará o
propósito de Deus reservado para eles.
Deus havia revelado a Abraão que sua descendência
passaria quatro séculos em terra alheia. A paciência de Deus esperaria até que
a maldade do amorreu chegasse ao ponto máximo até destruí-lo e entregar Canaã
aos hebreus. É evidente também a necessidade de que Israel fosse para o Egito.
A aliança matrimonial de Judá com uma Cananeia e sua conduta vergonhosa
descrita em Gn 38 indicam-nos o perigo que havia em Canaã de que os hebreus se
corrompessem por completo e perdessem seu caráter essencial. No Egito os
hebreus não seriam tentados a casar-se com mulheres egípcias nem a se misturar
com os egípcios, pois estes desprezavam os povos pastores. Além do mais, tão
logo reconhecessem os planos dos israelitas de estabelecer-se permanentemente
em Canaã, os cananeus os teriam exterminado. Tal coisa não aconteceria em
Gósen. Ali, sob a proteção do poderoso Egito, os hebreus poderiam
multiplicar-se e desenvolver-se até chegar a ser uma nação numerosa.
José era muito amado por seu pai, Israel, por dois
motivos: era um filho que nasceu já na velhice do seu pai, e também por ser
filho de Raquel, a esposa que mais amava. Em Gn 37.3 diz que Israel fez uma
túnica diferente para José do que a de todos os seus irmãos, o que revelava uma
posição especial e honra diante do seu genitor. Como sempre, esse favoritismo
entre filhos sempre gerou e gerará crises familiares, que em alguns casos podem
trazer danos irreversíveis a vida dos envolvidos.
Em Gn 37.5,6 a
Bíblia nos diz o seguinte: “Sonhou
também José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso, o aborreciam ainda
mais. E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho, que tenho sonhado”. José
revelou precipitação e imaturidade ao revelar o seu sonho aos seus irmãos. O
propósito do sonho era propiciar-lhe revelação e fé para seu espinhoso futuro,
e não para ser-lhe motivo de exaltação sobre seus irmãos. Em geral, não convém
contar tais revelações até que se veja de que forma o Senhor as executará ou
até que Ele mostre que devem ser contadas. Deus escolheu José para a missão de
proteger a família de Israel no Egito, por serem seus padrões morais e sua
dedicação a Deus e às suas leis claramente superiores aos dos seus irmãos.
Continuando, agora em Gn 37.28, vemos o momento em que os irmãos de José o vendem por
vinte moedas de prata aos ismaelitas, que o levaram para o Egito, onde foi
novamente vendido para Potifar (José foi colocado num local onde seriam
oferecidas a ele as melhores oportunidades de conhecer os costumes dos
egípcios, de ser iniciado na arte de governar, e, sobretudo, de ser introduzido
na presença de faraó). Embora José fosse tratado com crueldade pelos seus
irmãos e tratado como escravo, Deus o livrou da morte naquele momento, e usou
tais atitudes erradas dos homens para realizar o Seu propósito na vida do seu
filho. No final deste capítulo, os demais filhos de Israel enviam para casa a
túnica colorida de José com manchas de sangue de um cabrito, dizendo a seu pai
que José tinha falecido, devorado por um animal.
Após começar o seu trabalho da casa de Potifar, José
começou a se destacar, e era assim devido ao fato de ser um homem comprometido
com o trabalho e, acima de tudo, com Deus. A Bíblia diz que, por amor a José, o
Senhor prosperava Potifar, até porque este era também bom para José. Potifar
colocou todos os seus bens nas mãos de José, e a única coisa que lhe foi vedada
foi justamente contrair relações com a sua esposa.
Contudo, como o diabo veio para matar, roubar e destruir,
resolveu colocar uma tentação no caminho do jovem varão. Vamos ler Gn 37.7,9: “E aconteceu, depois destas
coisas, que a mulher de seu senhor pôs os olhos em José e disse: Deita-te
comigo. Porém, ele recusou e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor
não sabe o que há em casa comigo e entregou em minha mão tudo o que tem.
Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti,
porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria
contra Deus”.
A Bíblia diz que José era bonito, então a esposa de
Potifar começou a assediar o jovem, que prontamente negou a investida, dizendo
que não faria isso com o marido dela e, principalmente com Deus. José era um
rapaz de caráter, dedicado e incorruptível, características que deveriam ser
marcantes em todo crente, mas infelizmente hoje o cristão está mais carnal do
que espiritual. As negativas de José para a mulher de Potifar eram constantes,
até que chegou um dia que a mesma deu a sua cartada final: retirou todos os
empregados da casa, ficando somente ela, até o momento em que chegou José. A
mulher o agarrou e não restou outra alternativa a não ser fugir; porém, na
pressa, não conseguiu pegar a sua veste que ela tinha tirado, e, com isso, a
mulher mandou chamar os empregados e fingiu que José a tinha atacado, sendo que
falou o mesmo para o seu marido, que, irado, mandou prender José junto com os
presos do rei. É importante falar que, mesmo injuriado e difamado, José não
reagiu acusando a mulher, nem se defendeu. Parece que o próprio Potifar duvidou
da acusação e se irou porque havia perdido um escravo tão bom. Em vez de
matá-lo, Potifar aplicou a pena mais leve possível para o caso.
José triunfou sobre a tentação, porque de antemão já
estava firmemente decidido a permanecer obediente ao seu Deus e não pecar. O
crente do novo concerto vence a tentação da mesma maneira, ele precisa tomar
uma decisão firme e resoluta de não pecar contra o Senhor. Havendo esse
propósito, não poderá haver lugar para desculpas, exceções ou concessões.
Agora, é bom falar que a vida de vitória sobre a tentação e a fidelidade a Deus
nem sempre resultam em recompensa imediata. José sofreu por causa da sua
retidão. Cristo declara que seus seguidores são também perseguidos por causa da
justiça, e nos afirma que tais pessoas são bem aventuradas e que receberão um
grande galardão no céu.
Por que o Senhor permitiu a prisão de José? Ali ele aprenderia
muito dos altos personagens que compartilhavam a prisão com ele, além de toda a
privação que estava sofrendo na juventude contribuiu para formar um caráter
firme, paciente e maduro, para que prestasse grandes serviços a Deus e aos
homens quando chegasse o momento oportuno.
Mesmo na prisão, a Bíblia diz que o Senhor estava com
José; ele honrava a Deus e o Senhor o honrava, é simples assim, Deus possui
compromisso com que tem compromisso com ele. Aconteceu na prisão o mesmo que
ocorria na casa de Potifar, e o carcereiro colocou todos os presos sob o
comando de José, e tudo andava bem na prisão.
Após algum tempo, dois homens foram parar na cadeia, o
copeiro e o padeiro do Faraó. Estes homens passaram um tempo no cárcere, quando
certo dia ambos tiveram sonhos angustiantes; ao perceber suas feições, José
perguntou o que estava acontecendo, e os dois lhe contaram os seus sonhos e
José os interpretou, só pedindo que o copeiro, que voltou para a presença de
faraó, falasse de José para ele, o que não aconteceu de imediato.
O capítulo 41 de Gênesis retrata o sonho de faraó, e
mostra Deus operando na vida de faraó e de José, a fim de controlar o destino
das nações e prover um lugar para o seu povo escolhido. Todas as nações estão
sujeitas às intervenções de Deus e ao seu controle direto. E tanto é assim que,
ao confessar publicamente que Deus daria a interpretação do sonho, José mostrou
toda sua fé no Senhor, pois os faraós costumavam se proclamarem como deuses, e
o monarca poderia ter mandado matar José na hora.
José interpretou os dois sonhos de faraó como se fossem
um só, pois falavam do mesmo tema: a fome que viria assolar o Egito. Aconselhou
o monarca para colocar alguém como responsável para organizar a terra durante
os sete anos de bonança, e o faraó colocou o próprio José em tal função,
ficando subordinado apenas ao faraó, pois sobre todos os demais funcionários e
povo em geral José exercia autoridade. Faraó também deu uma mulher para José se
casar nessa mesma época e teve dois filhos: Manassés e Efraim; ele tinha apenas
trinta anos quando assumiu o comando do Egito, o que por uma simples conta
matemática podemos perceber que ele passou treze anos como escravo.
Durante os sete anos de fartura, José, como ótimo
administrador que era, conseguiu juntar comida suficiente para alimentar o povo
egípcio, além de vender para outros povos. A fome assolava toda a Terra,
inclusive onde morava Israel e seus filhos, irmãos de José. Israel mandou que
dez dos seus onze filhos, só Benjamim não foi, descessem até o Egito para
comprarem mantimentos. A Bíblia diz que os seus irmãos ficaram face a face com
José ao chegarem no Egito, porém, não o reconheceram, ao contrário de José, que
imediatamente os reconheceu. Porém, ao invés de dizer quem era, José resolveu
“brincar” um pouco com eles, talvez ganhando tempo para pensar em como falar
com eles, ou mesmo como uma espécie de “forra” por todo o sofrimento que eles
lhe fizeram passar. Pode ser também que
ele tenha escondido para que os irmãos demonstrassem pesar pelo que tinham
feito a ele e a seu pai.
Em Gn 42.21 há
esta passagem: “Então, disseram uns aos
outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia
de sua alma, quando nos rogava; nós, porém, não ouvimos; por isso, vem sobre
nós esta angústia”. Os irmãos de José reconheciam agora sua culpa pelo
tratamento impiedoso com ele, vinte anos antes. Concluíram que Deus estava lhes
aplicando o justo castigo pelo seu crime. Muitas vezes, quando temos pecado
oculto em nossa vida, Deus age para despertar nossa consciência e vermos a
nossa culpa. Nesses casos podemos endurecer os nossos corações ou humilhar-nos
diante de Deus, confessar o pecado e resolver andar em retidão.
Os irmãos então voltaram para Canaã e disseram para
Israel a respeito da exigência feita por José, de levar Benjamim com eles.
Israel não queria de jeito nenhum permitir a descida de Benjamim até o Egito,
mas Judá e Ruben se comprometeram de que o trariam de volta, e assim
conseguiram a permissão de Israel. Eles foram, comeram com José, mas este ainda
não tinha se identificado para eles; então, armou mais uma para seus irmãos e
colocou um copo de prata na bolsa de Benjamim. O fato dos irmãos terem voltado
para o Egito com Benjamim ao invés de o abandonarem mostrou que eles realmente
tinham mudado, estavam mais temente ao Senhor e zelavam por sua família. Judá
se ofereceu para ficar no lugar de Benjamim, cumprindo a promessa que tinha
feito a seu pai, de que o levaria em paz para casa.
Após esse fato, José não se aguentou e revelou sua identidade
aos seus irmãos. Deus operou através de José para a preservação do povo do
concerto, e foi isso que ele disse em Gn 45.7. Embora Cristo viesse da linhagem
de Judá, Deus usou José para preservar a linhagem da qual viria Cristo,
portanto, José foi um antecessor espiritual de Cristo, algo muito mais
importante do que ser um ancestral físico. Ele mandou seus irmãos irem até seu
pai e contar a notícia, como também mandou que viessem morar perto dele, pois a
fome era grande e ali toda a família estaria protegida da fome e da idolatria
também, pois habitariam numa cidade que não era o centro do Egito, chamada
Gósen.
Israel, depois de vinte anos, descobriu que seu filho
estava filho. O reencontro dos dois foi emocionante, pois a Bíblia diz que
ficaram abraçados chorando por um longo tempo. O faraó fez questão de conhecer
os irmãos e o pai de José, e com relação a Israel acabou até mesmo abençoando o
monarca, o que nos leva a perceber como servir a Deus é gratificante e honroso,
com até mesmo pessoas ímpias reconhecendo a grandeza do nosso Deus.
Após alguns anos, Israel veio a falecer, não sem antes
abençoar José e seus filhos. Ele chorou, cumpriu o seu período de luto e a
promessa que fez a seu pai, de enterrá-lo em Canaã. José viveu ao todo 110 anos,
e antes de falecer também pediu que seus restos mortais fossem transportados
para a terra prometida. Quatrocentos anos depois, quando os israelitas deixaram
o Egito, levaram os ossos de José. Da mesma forma, todos os salvos sabem que
seu futuro está reservado, não neste mundo presente, mas em outra pátria, a
celestial, onde habitarão para sempre com Deus e desfrutarão eternamente da sua
presença e bênçãos.
Por fim, algumas lições que aprendemos com José: 1ª) Pureza pessoal – Se não
fosse a vida religiosa de José e sua convicção quanto à importância da pureza,
teria sido arrastado por paixões carnais e teria cedido à tentação. Mas
resolvera levar uma vida pura e se conservou imaculado; 2ª) Prosperidade – A prosperidade nos negócios é possível
para o servo fiel de Deus. Deus fez José prosperar e serve como exemplo para
nós; 3ª) Cuidado – a
importância de cuidar dos nossos pais; 4ª)
A importância da cruz – por meio da cruz, nós vamos obter a coroa! José
sofreu como escravo e prisioneiro, mas teve paciência. Seus sofrimentos foram
meios que o levaram a alcançar a coroa de autoridade no Egito; 5ª) Providência Divina – toda a
vida de José é um exemplo da providência divina. Deus guiou todos os passos de
José.
Fontes: Bíblia de Estudo Pentecostal e Pentateuco.
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