sábado, 9 de junho de 2012

JACÓ



AULA 6 - JACÓ

Gn 25.22,23 - "E os filhos lutavam dentro dela; então, disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi-se a perguntar ao Senhor. E o Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos de dividirão das tuas entranhas: um povo será mais forte que o outro povo, e o maior servirá ao menor".
            Jacó significa num primeiro momento "o que segura pelo calcanhar", mas depois Esaú interpretou como "suplantador".
            De início é bom esclarecer quais povos seriam esses que o Senhor falou com Rebeca. Os descendentes de Jacó são os israelitas, o povo escolhido por Deus para o seu concerto, enquanto os descendentes de Esaú são os edomitas, e infelizmente a hostilidade e o conflito marcaram a relação entre esses dois povos, como podemos perceber em Sl 137.7.
            No tocante ao maior servir ao menor, questão interessante é esta: o costume na época era de que na hipótese de dois ou mais filhos os mais novos serviriam ao mais velho. Neste caso, porém, Deus inverteu esta ordem, e isso nos ensina que o nosso papel no propósito divino redentor não vem pelo desenvolvimento das coisas naturais, mas pela graça e vontade de Deus.
Gn 25.28,31: "E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto; mas Rebeca amava a Jacó. E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo e estava ele cansado. E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso, se chamou o seu nome Edom. Então, disse Jacó: vende-me, hoje, a tua progenitura".
            Jacó era um homem pacífico, que amava a vida no lar, eficiente nos assuntos de família, porém era ardiloso e interesseiro. Apesar disso, mostrava-se preocupado com a sua vida espiritual.
            A primogenitura consistia em: liderança na adoração a Deus e chefia da família; uma dupla porção da herança paterna (pelo menos em tempo posterior - Dt 21.17); o direito à benção do concerto, conforme Deus tinha prometido a Abraão.
            O fato de Esaú vender sua primogenitura revela quão pouco valor ele atribuia às bençãos de Deus e às promessas do concerto. Optou por trocar bençãos que ultrapassam nosso entendimento por prazeres momentâneos, desprezando sua primogenitura. Jacó, por outro lado, desejou as bençãos espirituais do futuro, e dele vieram as doze tribos de Israel.
            A irresponsabilidade de Esaú não parou na venda da sua primogenitura. Diz em Gn 26.34 que ele tomou duas mulheres como esposas, e no versículo seguinte diz que estas foram uma amargura de espírito para Isaque e Rebeca, pelo fato de ter casado com duas mulheres e de que ambas não serviam ao Deus verdadeiro.
            O capítulo 27 de Gênesis retrata Isaque e sua família tentando conseguir a benção de Deus de um modo injusto. A preferência pessoal de Isaque por Esaú, de modo contrário à vontade de Deus, e a manipulação enganosa de Rebeca e Jacó, tomaram o lugar das bençãos espirituais do concerto de Deus. Sempre que se usar de engano e hipocrisia na realização da obra de Deus, o plano divino é prejudicado e também todas as pessoas envolvidas na obra. Nesse capítulo nós vemos um complô de Isaque para entregar a benção a Esaú e o contra - ataque de Rebeca e Jacó mostram a carnalidade da família toda. Cegado pela parcialidade, Isaque estava disposto a dar para Esaú o que ele sabia pertencer ao filho mais novo, enquanto Esaú estava disposto a receber o que havia vendido por um prato de lentilhas. Já Rebeca e Jacó não estavam dispostos a deixar a situação nas mãos de Deus, nem a confiar que Ele fosse cumprir a promessa. Como resultado, todos sofreram; Rebeca, inclusive, nunca mais viu o seu filho.
            No caso da primogenitura, a benção que a acompanhava, bem como a declaração verbal do pai, eram uma obrigação legal do pai, segundo as antigas leis do Oriente. Isaque parece ter se esquecido da mensagem de Deus, de que Esaú serviria a Jacó, o mais novo, ou fez pouco caso dela. Além disso, ele não levou em conta o fato de Esaú ter se casado com duas mulheres não tementes a Deus. Isaque não se preocupou e nem se esforçou para confirmar a vontade de Deus.
            Após descobrir que a benção foi dada a Jacó, Esaú chorou. De acordo com Hb 12.16,17 Esaú perdeu a sua benção por ser fornicador e profano (carente de espiritualidade), além de desdenhar da benção, só mudando de opinião depois e a buscou com lágrimas, mas eram lágrimas de raiva e não de tristeza, pelo caminho pecaminoso que escolhera. A experiência de Esaú nos adverte com as escolhas erradas da vida, que provocam consequências terríveis e que não poderão mais ser anuladas.
            Após o episódio da benção, Jacó seguiu para a terra que morava seu tio Labão, chamada Harã. Durante o caminho, teve um sonho com uma escada cujo topo tocava nos céus, enquanto anjos subiam e desciam nela. O Senhor estava em cima dela e disse que daria aquela terra que Jacó estava deitado para ele e a sua semente, ou seja, reforçou a promessa que tinha sido inicialmente do seu avô Abraão. Na visão, a escada simbolizava que havia comunicação entre o céu e a terra, ou seja, Jacó tinha o céu aberto, Deus ouviria suas orações e o ajudaria. Jesus aludiu a essa visão dizendo aos seus discípulos que veriam o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o filho do homem (Jo 1.51), ou seja, Jesus representa essa escada. Após o sonho, Jacó ficou tão impactado que firmou um voto com o Senhor, prometendo inclusive dar o dízimo de tudo o que receberia.
            Ao chegar ao seu destino, Jacó logo conheceu Raquel, que viria a ser sua esposa. Ficou um mês inteiro com sua parentela, e após esse período acordou com seu tio que trabalharia por sete anos e conseguiria após esse tempo casar com Raquel, pois a amava muito. Porém, como todo pecado, toda precipitação, Jacó semeou uma mentira anos atrás contra o seu pai e irmão, e agora seu tio usou do mesmo subterfúgio com ele, dando Léia como esposa ao invés de Rachel. Para casar com Rachel, Jacó teve que trabalhar por mais sete anos para conseguir o seu objetivo. Deus usou as experiências desses anos para disciplinar e preparar Jacó a fim de que ele fosse herdeiro das promessas da aliança.
            Dos 12 filhos e uma filha de Jacó, nem todos foram com as suas esposas, pois elas deram suas servas para deitarem-se e conceberem. De sua descendência nasceram as 12 tribos de Israel; entre os filhos que mais se destacaram podemos citar Judá, que da sua linhagem nasceu Jesus, como também José, governador do Egito.
            A partir do momento que Deus voltar para a sua terra, Jacó foi muito abençoado por Ele, que multiplicou as suas posses antes mesmo de lhe dar essa ordem. Labão, porém, sabia que só tinha crescido materialmente pois Jacó estava com ele, e assim a benção do Senhor, e fez de tudo para impedir a sua saída, indo inclusive atrás dele, mas Deus não deixou que nada acontecesse com Jacó e sua família. O pacto firmado entre Labão e Jacó demonstra que um não confiava no outro. Levantaram uma pedra como sinal que servisse de limite entre os dois, juntaram pedras em um montão que serviria de testemunho do pacto e invocaram a Deus para que atuasse como sentinela, vigiando por um e por outro enquanto estivessem separados.
            Quando Jacó se aproximava da terra onde morava, mandou mensageiros até seu irmão Esaú, que lhe respondeu dizendo que vinha ao seu encontro com 400 homens. Ele temia que fosse atacado por seu irmão, então ele orou (Gn 32.9,12) ao Senhor e a sua oração serve de modelo para nós em circunstâncias difíceis de nossa vida pelos seguintes motivos: 1) Relembrou a Deus que Ele prometera cuidado e proteção aos que fizessem a sua vontade; 2) consciente da sua própria iniquidade, ele expressou sua gratidão a Deus por todas as bençãos recebidas; 3) pediu livramento ao Senhor; 4) declarou que o propósito de estar pedindo aquilo era o de cumprir na sua própria vida os planos de Deus estabelecidos no seu concerto.
            Jacó orou da forma correta, mas não reconhecia que a sua maior dificuldade era ele próprio, não Esaú. Foi Jacó que havia enganado e levantado obstáculos no seu próprio caminho, e Deus quis livrá-lo do seu espírito egoísta e carnal antes de entrar na terra prometida.
            Antes do seu encontro com Esaú, algo muito marcante aconteceu com Jacó, pois este lutou com o anjo do Senhor. Enquanto Jacó lutava desesperadamente com Deus para obter a benção prometida, o Senhor o deixou prevalecer, porém feriu a sua coxa, como lembrança de que ele não deveria andar na sua própria força, mas ser totalmente dependente de Deus. Nessa luta Jacó lançou-se aos braços do Senhor, não pedindo livramento das mãos do seu irmão, mas sim a benção do Senhor. O Anjo do Senhor então mudou o seu nome para Israel, pois Jacó dava a entender como sendo defraudador malicioso, enquanto Israel significa aquele que luta com Deus. A mudança de nome acabou gerando também uma mudança de caráter, e a sua coxeadura significava a derrota do próprio eu.
            À noite em que lutou com Deus resultou em benção divina na vida de Jacó. A partir dali ele sabia que a sua vida dependia exclusivamente da orientação e da benção de Deus. A vitória e a benção na vida de todos que andam com Deus vêm da mesma maneira. Embora não se lute fisicamente com Deus, podemos buscá-lo em oração, confessar nossos pecados e buscar o seu perdão, ter fome e sede pelo seu Reino e pela sua íntima presença.
            Ao encontrar com Esaú, os dois se abraçaram e choraram. Tal atitude de Esaú foi a resposta de Deus para as orações de Jacó.
            Jacó, porém, não cumpriu a ordem de Deus e estabeleceu- se perto de uma cidade pagã chamada Siquém, ao invés de ir para a terra do seu pai. Jacó falhou por optar em conviver em estreita ligação com pessoas malignas e imorais, assim como Ló fizera, deixando de estabelecer limites e normas para os seus filhos. Por causa disso, sua filha Diná acabou violentada sexualmente, mas sua conduta também foi errada, pois se envolveu com tais pessoas ímpias, conhecidas como filhas da terra. Esse episódio acabou deixando uma grande marca em seus irmãos, sendo que dois acabaram por matar todos os homens da cidade. Foi somente depois disso que Jacó finalmente foi para Betel e destruiu todos os ídolos que estavam em sua casa. Deus não deixou que ninguém os seguissem.
            Com a vida de Jacó nós podemos aprender que Deus usa os homens para cumprir os seus propósitos, pois Ele faz o melhor possível com o material que usa. Também enxergamos a lei da semeadura, pois ele enganou o seu pai e posteriormente foi enganado por Labão e seus filhos, no sumiço de José. Por fim, na vida de Jacó vemos a grandeza do plano messiânico, pois com Abraão e Isaque somente uma pessoa foi herdeira das promessas da família, mas na família de Jacó não houve eliminações, todos os filhos eram herdeiros da promessa.
            No final de sua vida, Jacó teve uma tristeza bem grande, achando que seu filho José havia falecido, quando na verdade tinha sido vendido como escravo por seus irmãos. Contudo, antes de morrer o Senhor lhe revelou a verdade e conseguiu morrer em paz, com 147 anos.

Fontes: Bíblia de Estudo Pentecostal, O Novo Comentário Bíblico - Antigo Testamento e Pentateuco.

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