AULA 6 - JACÓ
Gn
25.22,23 - "E os filhos lutavam dentro dela; então, disse: Se assim é, por
que sou eu assim? E foi-se a perguntar ao Senhor. E o Senhor lhe disse: Duas
nações há no teu ventre, e dois povos de dividirão das tuas entranhas: um povo
será mais forte que o outro povo, e o maior servirá ao menor".
Jacó
significa num primeiro momento "o que segura pelo calcanhar", mas
depois Esaú interpretou como "suplantador".
De
início é bom esclarecer quais povos seriam esses que o Senhor falou com Rebeca.
Os descendentes de Jacó são os
israelitas, o povo escolhido por Deus para o seu concerto, enquanto os
descendentes de Esaú são os edomitas,
e infelizmente a hostilidade e o conflito marcaram a relação entre esses dois
povos, como podemos perceber em Sl 137.7.
No tocante ao maior
servir ao menor, questão interessante é esta: o costume na época era de que na
hipótese de dois ou mais filhos os mais novos serviriam ao mais velho. Neste
caso, porém, Deus inverteu esta ordem, e isso nos ensina que o nosso papel no
propósito divino redentor não vem pelo desenvolvimento das coisas naturais, mas
pela graça e vontade de Deus.
Gn
25.28,31: "E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto; mas
Rebeca amava a Jacó. E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo e estava
ele cansado. E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado
vermelho, porque estou cansado. Por isso, se chamou o seu nome Edom. Então,
disse Jacó: vende-me, hoje, a tua progenitura".
Jacó
era um homem pacífico, que amava a vida no lar, eficiente nos assuntos de
família, porém era ardiloso e interesseiro. Apesar disso, mostrava-se
preocupado com a sua vida espiritual.
A
primogenitura consistia em: liderança na adoração a Deus e chefia da família;
uma dupla porção da herança paterna (pelo menos em tempo posterior - Dt 21.17);
o direito à benção do concerto, conforme Deus tinha prometido a Abraão.
O
fato de Esaú vender sua primogenitura revela quão pouco valor ele atribuia às
bençãos de Deus e às promessas do concerto. Optou por trocar bençãos que
ultrapassam nosso entendimento por prazeres momentâneos, desprezando sua
primogenitura. Jacó, por outro lado, desejou as bençãos espirituais do futuro,
e dele vieram as doze tribos de Israel.
A
irresponsabilidade de Esaú não parou na venda da sua primogenitura. Diz em Gn
26.34 que ele tomou duas mulheres como esposas, e no versículo seguinte diz que
estas foram uma amargura de espírito para Isaque e Rebeca, pelo fato de ter
casado com duas mulheres e de que ambas não serviam ao Deus verdadeiro.
O
capítulo 27 de Gênesis retrata Isaque e sua família tentando conseguir a benção
de Deus de um modo injusto. A preferência pessoal de Isaque por Esaú, de modo
contrário à vontade de Deus, e a manipulação enganosa de Rebeca e Jacó, tomaram
o lugar das bençãos espirituais do concerto de Deus. Sempre que se usar de
engano e hipocrisia na realização da obra de Deus, o plano divino é prejudicado
e também todas as pessoas envolvidas na obra. Nesse capítulo nós vemos um
complô de Isaque para entregar a benção a Esaú e o contra - ataque de Rebeca e
Jacó mostram a carnalidade da família toda. Cegado pela parcialidade, Isaque
estava disposto a dar para Esaú o que ele sabia pertencer ao filho mais novo,
enquanto Esaú estava disposto a receber o que havia vendido por um prato de
lentilhas. Já Rebeca e Jacó não estavam dispostos a deixar a situação nas mãos
de Deus, nem a confiar que Ele fosse cumprir a promessa. Como resultado, todos
sofreram; Rebeca, inclusive, nunca mais viu o seu filho.
No
caso da primogenitura, a benção que a acompanhava, bem como a declaração verbal
do pai, eram uma obrigação legal do pai, segundo as antigas leis do Oriente.
Isaque parece ter se esquecido da mensagem de Deus, de que Esaú serviria a
Jacó, o mais novo, ou fez pouco caso dela. Além disso, ele não levou em conta o
fato de Esaú ter se casado com duas mulheres não tementes a Deus. Isaque não se
preocupou e nem se esforçou para confirmar a vontade de Deus.
Após
descobrir que a benção foi dada a Jacó, Esaú chorou. De acordo com Hb 12.16,17
Esaú perdeu a sua benção por ser fornicador e profano (carente de
espiritualidade), além de desdenhar da benção, só mudando de opinião depois e a
buscou com lágrimas, mas eram lágrimas de raiva e não de tristeza, pelo caminho
pecaminoso que escolhera. A experiência de Esaú nos adverte com as escolhas
erradas da vida, que provocam consequências terríveis e que não poderão mais
ser anuladas.
Após
o episódio da benção, Jacó seguiu para a terra que morava seu tio Labão,
chamada Harã. Durante o caminho, teve um sonho com uma escada cujo topo tocava
nos céus, enquanto anjos subiam e desciam nela. O Senhor estava em cima dela e
disse que daria aquela terra que Jacó estava deitado para ele e a sua semente,
ou seja, reforçou a promessa que tinha sido inicialmente do seu avô Abraão. Na
visão, a escada simbolizava que havia comunicação entre o céu e a terra, ou
seja, Jacó tinha o céu aberto, Deus ouviria suas orações e o ajudaria. Jesus
aludiu a essa visão dizendo aos seus discípulos que veriam o céu aberto e os anjos
de Deus subindo e descendo sobre o filho do homem (Jo 1.51), ou seja, Jesus
representa essa escada. Após o sonho, Jacó ficou tão impactado que firmou um
voto com o Senhor, prometendo inclusive dar o dízimo de tudo o que receberia.
Ao
chegar ao seu destino, Jacó logo conheceu Raquel, que viria a ser sua esposa.
Ficou um mês inteiro com sua parentela, e após esse período acordou com seu tio
que trabalharia por sete anos e conseguiria após esse tempo casar com Raquel,
pois a amava muito. Porém, como todo pecado, toda precipitação, Jacó semeou uma
mentira anos atrás contra o seu pai e irmão, e agora seu tio usou do mesmo
subterfúgio com ele, dando Léia como esposa ao invés de Rachel. Para casar com
Rachel, Jacó teve que trabalhar por mais sete anos para conseguir o seu
objetivo. Deus usou as experiências desses anos para disciplinar e preparar
Jacó a fim de que ele fosse herdeiro das promessas da aliança.
Dos
12 filhos e uma filha de Jacó, nem todos foram com as suas esposas, pois elas
deram suas servas para deitarem-se e conceberem. De sua descendência nasceram
as 12 tribos de Israel; entre os filhos que mais se destacaram podemos citar
Judá, que da sua linhagem nasceu Jesus, como também José, governador do Egito.
A
partir do momento que Deus voltar para a sua terra, Jacó foi muito abençoado
por Ele, que multiplicou as suas posses antes mesmo de lhe dar essa ordem.
Labão, porém, sabia que só tinha crescido materialmente pois Jacó estava com
ele, e assim a benção do Senhor, e fez de tudo para impedir a sua saída, indo
inclusive atrás dele, mas Deus não deixou que nada acontecesse com Jacó e sua
família. O pacto firmado entre Labão e Jacó demonstra que um não confiava no
outro. Levantaram uma pedra como sinal que servisse de limite entre os dois,
juntaram pedras em um montão que serviria de testemunho do pacto e invocaram a
Deus para que atuasse como sentinela, vigiando por um e por outro enquanto
estivessem separados.
Quando
Jacó se aproximava da terra onde morava, mandou mensageiros até seu irmão Esaú,
que lhe respondeu dizendo que vinha ao seu encontro com 400 homens. Ele temia
que fosse atacado por seu irmão, então ele orou (Gn 32.9,12) ao Senhor e a sua oração serve de modelo para nós em
circunstâncias difíceis de nossa vida pelos seguintes motivos: 1) Relembrou a
Deus que Ele prometera cuidado e proteção aos que fizessem a sua vontade; 2)
consciente da sua própria iniquidade, ele expressou sua gratidão a Deus por
todas as bençãos recebidas; 3) pediu livramento ao Senhor; 4) declarou que o
propósito de estar pedindo aquilo era o de cumprir na sua própria vida os
planos de Deus estabelecidos no seu concerto.
Jacó
orou da forma correta, mas não reconhecia que a sua maior dificuldade era ele
próprio, não Esaú. Foi Jacó que havia enganado e levantado obstáculos no seu
próprio caminho, e Deus quis livrá-lo do seu espírito egoísta e carnal antes de
entrar na terra prometida.
Antes
do seu encontro com Esaú, algo muito marcante aconteceu com Jacó, pois este
lutou com o anjo do Senhor. Enquanto Jacó lutava desesperadamente com Deus para
obter a benção prometida, o Senhor o deixou prevalecer, porém feriu a sua coxa,
como lembrança de que ele não deveria andar na sua própria força, mas ser
totalmente dependente de Deus. Nessa luta Jacó lançou-se aos braços do Senhor,
não pedindo livramento das mãos do seu irmão, mas sim a benção do Senhor. O
Anjo do Senhor então mudou o seu nome para Israel, pois Jacó dava a entender
como sendo defraudador malicioso, enquanto Israel significa aquele que luta com
Deus. A mudança de nome acabou gerando também uma mudança de caráter, e a sua
coxeadura significava a derrota do próprio eu.
À
noite em que lutou com Deus resultou em benção divina na vida de Jacó. A partir
dali ele sabia que a sua vida dependia exclusivamente da orientação e da benção
de Deus. A vitória e a benção na vida de todos que andam com Deus vêm da mesma
maneira. Embora não se lute fisicamente com Deus, podemos buscá-lo em oração,
confessar nossos pecados e buscar o seu perdão, ter fome e sede pelo seu Reino
e pela sua íntima presença.
Ao
encontrar com Esaú, os dois se abraçaram e choraram. Tal atitude de Esaú foi a
resposta de Deus para as orações de Jacó.
Jacó,
porém, não cumpriu a ordem de Deus e estabeleceu- se perto de uma cidade pagã
chamada Siquém, ao invés de ir para a terra do seu pai. Jacó falhou por optar
em conviver em estreita ligação com pessoas malignas e imorais, assim como Ló
fizera, deixando de estabelecer limites e normas para os seus filhos. Por causa
disso, sua filha Diná acabou violentada sexualmente, mas sua conduta também foi
errada, pois se envolveu com tais pessoas ímpias, conhecidas como filhas da
terra. Esse episódio acabou deixando uma grande marca em seus irmãos, sendo que
dois acabaram por matar todos os homens da cidade. Foi somente depois disso que
Jacó finalmente foi para Betel e destruiu todos os ídolos que estavam em sua
casa. Deus não deixou que ninguém os seguissem.
Com
a vida de Jacó nós podemos aprender que Deus usa os homens para cumprir os seus
propósitos, pois Ele faz o melhor possível com o material que usa. Também
enxergamos a lei da semeadura, pois ele enganou o seu pai e posteriormente foi
enganado por Labão e seus filhos, no sumiço de José. Por fim, na vida de Jacó
vemos a grandeza do plano messiânico, pois com Abraão e Isaque somente uma
pessoa foi herdeira das promessas da família, mas na família de Jacó não houve
eliminações, todos os filhos eram herdeiros da promessa.
No
final de sua vida, Jacó teve uma tristeza bem grande, achando que seu filho
José havia falecido, quando na verdade tinha sido vendido como escravo por seus
irmãos. Contudo, antes de morrer o Senhor lhe revelou a verdade e conseguiu
morrer em paz, com 147 anos.
Fontes: Bíblia de Estudo Pentecostal, O Novo Comentário Bíblico - Antigo Testamento e Pentateuco.
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