Abrão significa pai exaltado, enquanto Abraão significa pai de uma multidão. Neste estudo usaremos sempre Abraão.
Quando Jesus disse para Abraão “Sai-te da tua terra”, o Senhor não disse para onde o conduziria, pelo contrário, ele teve que viajar sob a orientação do Senhor. A chamada de Abraão deu início a uma nova revelação do Antigo Testamento, no sentido de redimir e salvar a raça humana. A intenção de Deus era que houvesse um homem que o servisse e o conhecesse, guardando os seus caminhos. Dessa família surgiria uma nação escolhida, de pessoas que não praticassem iniquidade e, posteriormente, nascendo dela o Salvador do mundo, Jesus Cristo.
Vários princípios importantes podem ser deduzidos da chamada de Abraão:
1º) Deus estabeleceu que os seus devem separar-se de tudo quanto possa impedir o propósito divino em suas vidas. Abraão deixou para trás a sua terra e parentela;
2°) Deus prometeu uma terra e uma grande nação. Hoje, Deus também tem as suas promessas para nós, e devemos tomar posse delas, fazendo a nossa parte, como Abraão fez a dele;
3°) A chamada de Abraão envolvia não só um lar terrestre, como também uma morada definitiva no céu;
4°) Abraão tinha a fé salvífica, que hoje é a nossa fé em Jesus como Salvador.
Ao chegar no Egito, duas coisas podem ser citadas. Em primeiro lugar, Gn 12.10 diz que havia fome naquela terra, o que significa que a obediência a Deus não quer dizer que não passaremos por problemas e tribulações. Nesses casos, devemos prosseguir com obediência, confiantes que o Senhor continuará agindo em nosso favor.
Em segundo lugar, quando Abraão desceu ao Egito teve um desvio na sua fé, e ali perdeu a confiança na proteção de Deus, ao valer-se de um subterfúgio para evitar o rei daquele local. Contudo, Deus o protegeu sem ele esperar. Notemos sete coisas neste desvio de Abraão:
1ª) Abraão agiu sem consultar a Deus;
2ª) Escolheu o seu destino, confiando na sua própria inteligência;
3ª) Valeu-se da duplicidade para conseguir o seu propósito;
4ª) Perdeu de vista a perspectiva e o plano da sua vida;
5ª) Sua astúcia parecia alcançar bom êxito;
6ª) Ficou mais tarde preso na própria trama que criou;
7ª) Foi censurado por um rei pagão e mandado para sua própria terra.
O fracasso de Abraão é um lembrete para nós, no sentido de não olharmos as circunstâncias, mas sim as promessas e a fidelidade de Deus.
Em Gn 13.10 há uma separação entre Abraão e seu sobrinho Ló. Ló levantou os seus olhos e escolheu a terra que deveria ir, porém, a Bíblia nos ensina que o Senhor não vê como o homem vê. Ló viu somente a campina bem regada, enquanto Deus viu os habitantes de Sodoma como grandes pecadores. Por faltar discernimento espiritual, Ló trouxe morte e tragédia para a sua própria família. Já Abraão mostrou que não se prendia com coisas materiais e que Deus continuaria provendo suas necessidades.
Gn. 11 e 12 marcam uma importante linha divisória nas relações de Deus para com os homens. Até aqui a história tem sido a da raça adâmica, não havia judeu e nem gentio. Em Gn. 13, nós percebemos uma separação para Deus. Se repararmos bem, Abraão nunca foi plenamente abençoado enquanto não se separou de Ló.
A aliança de Deus com Abraão possui sete partes distintas, que são as seguintes:
1ª) “Farei de ti uma grande nação” tem um sentido natural e espiritual;
2ª) O “abençoar-te-ei” possui dois sentidos: material e espiritual;
3ª) “Engrandecerei o teu nome” – Abraão é um dos nomes universais;
4ª) “Tu serás uma benção”;
5ª) “Abençoarei os que te abençoarem”;
6ª) “Amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”. Até hoje a nação que vai contra Israel não consegue prevalecer;
7ª) “Por meio de ti serão benditas todas as famílias da terra”. Esta é a grande promessa, personificada em Cristo.
Em Gn 15.1, o Senhor disse para Abraão que: “Eu sou o seu escudo, o teu grandíssimo galardão”. Depois da batalha em que foi vencedor, Abraão ficou preocupado e temeroso. Por isso, Deus lhe deu numa visão a certeza de que Ele mesmo era o escudo e o galardão do seu servo. Abraão, em resposta, disse para o Senhor que não tinha filhos e colocaria um de seus servos como seu herdeiro. Deus rejeitou essa ideia, e prometeu um herdeiro para ele, mesmo com uma esposa estéril. O cumprimento completo da promessa será quando o Senhor estiver junto com o seu povo.
Já Gn 15.6 é o primeiro versículo da Bíblia em que a fé e a justiça são mencionadas juntas. Hoje, pelo que Jesus fez por nós, podemos ser considerados como justiça de Deus.
Em Gn 17.1, o Senhor disse para Abraão: “Eu sou o Deus Todo Poderoso; anda em minha presença e sê perfeito”. A fé de Abraão tinha que estar unida à sua obediência, senão ele estaria inabilitado para participar dos propósitos eternos de Deus. Em outras palavras, as promessas e os milagres de Deus somente serão realizados quando seu povo busca viver de maneira irrepreensível, tendo o seu coração voltado para Ele.
Na sequência, Gn 17.11 fala da circuncisão. A circuncisão seria um sinal que Deus fez com Abraão e seus descendentes. Era um sinal que denotava terem aceito o concerto com Deus; um sinal de justiça mediante fé; e um meio do povo se lembrar das promessas de Deus.
Em Gn 18, percebemos outra teofania, quando Deus e dois anjos aparecem para Abraão, novamente anunciando novamente que ele e Sara seriam pais, como também Abraão faz a primeira grande oração intercessória descrita na Bíblia. A base da sua oração é dupla: ele reconhece Deus como o nosso Senhor e a liberdade de falar com Ele. Na oração de Abraão, nós percebemos algumas características que podemos aplicar para as nossas orações hoje em dia:
1ª) Discriminação entre os justos e ímpios, com interesse na vida de ambos;
2ª) Confiança na justiça, graça e no poder de Deus;
3ª) É uma oração precisa, ele detalha o que está pedindo;
4ª) Humildade – Abraão jamais se esquece de que está falando com Deus.
No cap. 20 novamente Abraão nega que Sara seja a sua mulher, com Deus tendo que consertar o seu erro.
No cap. 21 de Gênesis, Isaque nasceu e Ismael foi despedido. Isaque nasceu após anos em que seus pais misturaram fé com incredulidade. Nós vemos que Ismael, o filho nascido segundo a carne, persegue o filho da promessa e acaba enxotado, pois não pode herdar a terra com este. Então percebemos que os que são da obra da lei não herdarão as promessas dadas a Abraão, mas sim aqueles que têm fé em Cristo. Podemos perceber também que, mesmo não sendo o filho da promessa, em nenhum momento Ismael foi desamparado por Deus, pelo contrário, o Senhor sabia que para ele e sua mãe a melhor coisa seria viverem longe de Abraão e Sara, para o propósito de Ismael não ficar comprometido.
O capítulo 22 de Gênesis trata da situação em que a fé de Abraão foi mais testada. Deus o mandou fazer uma coisa totalmente contrária ao seu bom senso, ao seu amor paternal e a sua esperança no seu filho. O Senhor mandou sacrificar Isaque, e nessa tarefa Deus queria saber se o amor de Abraão era maior por Ele e por Isaque, como também se a esperança da promessa que Deus lhe fez residia no próprio Senhor ou se tinha passado pra Isaque. Deus nunca quis a morte física de Isaque, o teste foi somente para a fé de Abraão. O Senhor às vezes prova a fé dos seus filhos, mas tal prova deve ser considerada uma honra no reino de Deus. Depois de uma provação da fé, Deus confirmará, estabelecerá e recompensará o crente.
Fontes:
- Revista "Heróis do Antigo Testamento" - Editora Central Gospel;
- A Bíblia Explicada;
- Novos Comentários Bíblicos - Antigo Testamento;
- Bíblia de Estudo Pentecostal.
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